Gôndolas de plástico? Já existem e são aquelas para os turistas levarem de lembrança: foi assim que Giorgio Orsoni, na véspera de sua posse amanhã (8) como prefeito de Veneza, rejeitou a proposta apresentada por um empresário de Brindisi de construir as tradicionais embarcações com mais de 11 metros de comprimento em material plástico.
É um coro unânime de "não, obrigado" que partiu dos gondoleiros e que não dá margem às dúvidas sobre a resposta da cidade a uma carta enviada à Entidade Gôndola pelo titular dos Estaleiros Brindisi, Giuseppe Gioia.
Na carta, o fabricante, depois de anunciar que estava criando um protótipo em fibra de vidro, pediu à entidade veneziana se havia algum interesse.
Muitos a interpretaram como uma proposta que visava apagar uma parte da própria cidade. Em Veneza se desencadearam comentários negativos e furiosos, respaldados não só pela história local, como pelas regras municipais que exigem que as gôndolas sejam entalhadas na madeira.
De fato, cada embarcação é feita com cerca 300 peças: a construção dura quase um ano e o custo final supera os € 20 mil.
Há alguns anos, surgiu uma dura polêmica sobre a vedação das gôndolas com material plástico e a discussão sobre a experimentação do uso de materiais distintos da madeira para as paliçadas da laguna ainda não terminou. Sugerir a fabricação em plástico de um dos próprios símbolos da história milenar local, é como jogar gasolina na fogueira.
"É um delírio. Nos oporemos de todas as formas possíveis", comentou Aldo Reato, presidente da associação que representa os gondoleiros. "Acredito que todo o mundo dos remos dirá um grande 'não' à possibilidade das gôndolas de plástico. Não somos um parque de diversões, estamos em Veneza", reforçou.
Tudo indica que Gioia não pretende desistir do seu projeto, apesar das fortes críticas que recebeu. O empresário continuou a defender a criação de um "produto econômico e inovador", que se não interessar aos venezianos, poderá seduzir a Califórnia ou os Emirados Árabes, onde também há gôndolas.
(ANSA)
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