O advogado britânico David Mills mentiu à justiça italiana em dois inquéritos sobre corrupção e irregularidades fiscais para acobertar o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, enquanto proprietário do grupo Fininvest, afirmou na quarta-feira (21) o Tribunal de Cassação (o Supremo Tribunal) em Roma.
Mills foi pago para encobrir o premier, frisou o tribunal nas motivações de sua sentença de 25 de fevereiro, quando decidiu a prescrição das acusações contra Mills.
A Alta Corte considerou que a sentença de 27 de outubro de 2009, na qual um tribunal de apelações condenou Mills a quatro anos e seis meses de prisão por corrupção em atos judiciais, revela uma "estrutura racional" baseada em "um dispositivo argumentativo lógico e coerente, que se estende a todos os elementos oferecidos no processo".
O advogado foi condenado por ter recebido US$ 600 mil para que desse falso testemunho em dois processos relacionados com empresas "off shore" vinculadas a Berlusconi.
Apesar de o dinheiro ter chegado a Mills através de uma conta de Flavio Briatore (ex-diretor desportivo de Fórmula 1 e amigo pessoal do chefe de governo), o Tribunal considerou que ficou demonstrado claramente que provinha de Berlusconi.
A peça-chave para estabelecer este fato, segundo o tribunal, foi uma mensagem que Mills enviou a um de seus contadores em 2004, na qual dizia - sobre os interrogatórios judiciais, que "salvei o senhor B. de muitos problemas... Não disse nenhuma mentira, mas tive que me requebrar" (da frase original em inglês "I turned some very tricky corners").
No acórdão de fevereiro, o Supremo declarou prescrito o crime pelo qual Mills foi indiciado, mas não absolvido.
O processo paralelo contra Berlusconi está atualmente suspenso por conta da chamada lei do "impedimento legítimo", em que os ministros e o chefe de governo podem alegar esta situação em um processo judicial para não comparecer perante o tribunal.
Segundo o Supremo, a relutância demonstrada pelo advogado britânico em seus depoimentos se focava "no fato que atribuiu a propriedade das empresas 'offshore' à Fininvest em geral, e não pessoalmente a Silvio Berlusconi, o que o favoreceu".
(ANSA)
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