Um novo ataque contra a comunidade de imigrantes africanos de Rosarno, sul da Itália, deixou um estrangeiro ferido na manhã deste sábado. O local é palco de confrontos desde quinta-feira.
A vítima, identificada como Dabré Moussa, de 29 anos, é natural de Burkina Fasso e foi atingida por estilhaços disparados por uma espingarda de chumbo. Ele foi hospitalizado, mas seu estado não é grave. Os ferimentos se concentram nas pernas e em um braço.
De acordo com as investigações, Moussa estava acompanhado de outros dois imigrantes. Os tiros foram disparados a partir de um automóvel.
As hostilidades em Rosarno, na Calábria, tiveram início na quinta-feira, quando dois africanos foram vítimas de um ataque com uma arma de ar comprimido. O episódio desencadeou uma violenta reação da comunidade estrangeira, que saiu às ruas.
Houve depredação de carros, vitrines de lojas e cestos de lixo. Estradas foram bloqueadas e marchas se realizaram também durante a sexta-feira. Os italianos que moram em Rosarno, uma cidade de 15 mil habitantes, reagiram ao clima hostil e a polícia foi acionada para conter os confrontos.
Uma força-tarefa foi mandada pelo governo, com membros de ministérios e do governo da Calábria. Habitantes locais deixaram suas casas portando pedaços de madeira e barras de metal.
O último balanço indica que 67 pessoas ficaram feridas, sendo 31 imigrantes, 17 moradores da região e 19 policiais. Seis estrangeiros estão internados. Por ora, não há informação de mortos.
Segundo a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) na Itália, Laura Boldrini, uma casa em que vivia uma dezena de imigrantes foi incendiada hoje por moradores locais nos arredores de Rosarno.
"Os imigrantes nos telefonaram dizendo que nesta manhã chegaram dois automóveis nos quais viajavam pessoas com bastões e galões de gasolina", disse. "Os estrangeiros escaparam, mas os vizinhos incendiaram a casa."
Também em Rosarno, um carro que levava três imigrantes foi interceptado por um grupo de homens que usavam bastões. Um dos estrangeiros foi atingido na cabeça por uma pedra quando fugia do ataque.
Apesar destes casos, a situação começou a retornar à normalidade depois que parte dos imigrantes foi tirada da cidade, como pediam os italianos. Os africanos de Rosarno em sua maioria trabalham temporariamente em lavouras e vivem em instalações de fábricas abandonadas.
Durante a noite, 320 imigrantes foram levados de ônibus a um centro de acolhida em Crotone, a 170 quilômetros de Rosarno. As transferências continuavam hoje, e houve pessoas que resolveram deixar a cidade por conta própria.
"Estas 48 horas foram dramáticas. Ocorreram fatos gravíssimos que nos deixaram muito preocupados", disse o prefeito de Rosarno, Domenico Bagnato.
"Em Rosarno permanecem muitos cidadãos estrangeiros que vivem normalmente neste território e que continuarão aqui", explicou o político.
Ansa
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